Há 26 anos, a chef e ativista paulistana Bel Coelho traz para a sua cozinha os propósitos e lutas que defende com firmeza e competência. Militante de uma alimentação saudável, sem veneno e acessível para todos, tem como uma de suas principais bandeiras o estímulo ao uso de ingredientes nativos, que ajudam a regenerar o meio ambiente e a não deixar as múltiplas culturas alimentares do Brasil morrerem. Entre os movimentos sociais e organizações que é envolvida, estão a 342, Greenpeace, Slow Food, Instituto Socioambiental, Adus e TUCCA.
Desde 2020, é responsável pela cozinha do Cuia Restaurante, que fica dentro da Livraria Megafauna, no edifício Copan, trabalho que lhe rendeu o prêmio de Melhor Endereço Bom e Barato na edição 2021 da Veja Comer e Beber. A chef ainda apresenta o “Food Connection”, no canal Sabor e Arte, ao lado do jornalista Josimar Melo e convidados. Na televisão, também apresentou o “Receitas de Viagem”, exibido pelo TLC e pela TV Cultura. Para o programa, rodou o país conhecendo e mapeando as culinárias regionais e cadeias do alimento, o que lhe trouxe ainda mais inspiração e repertório para os famosos menus-degustação do Clandestino, seu restaurante itinerante que teve suas atividades pausadas na pandemia, mas que irá retornar em 2024.
Formada no Culinary Institute of America, em Nova York, a chef passou por algumas das mais premiadas cozinhas do mundo, como o El Celler de Can Roca, na Espanha, e D.O.M, no Brasil. Foram nessas experiências que adquiriu técnicas e conhecimento de gastronomia contemporânea, que somadas às suas pesquisas, fecham a equação que lhe traz prestígio e reconhecimento desde o início de sua carreira. Incansável, Bel ainda é mãe de dois filhos e viaja o Brasil para conhecer produtores, comunidades tradicionais, cozinhar, dar aulas e participar de atos políticos, enquanto engaja seus seguidores nas redes sociais com campanhas de impacto.
Misto de café, restaurante e bar da chef Bel Coelho, o Cuia divide o espaço com as estantes da Livraria Megafauna, no térreo do histórico edifício Copan, no centro de São Paulo. Aberto sem intervalos das 10h às 22h de terça a quinta, sexta e sábado das 10:00 às 23:00 e, aos domingos das 10:00 até às 18h, o endereço convida para um brunch, almoço, jantar, café ou drinque, seja no salão com cozinha aberta ou em uma das mesinhas da área externa. As receitas cosmopolitas privilegiam ingredientes nativos e agroecológicos e valorizam os biomas e culturas alimentares do Brasil. O repertório é fruto das vivências familiares, viagens e das profundas e constantes pesquisas de Bel. A maior parte de sua coleção pessoal de livros, inclusive, compõe a decoração, junto a cestarias e cuias. O nome da casa, aliás, veio deste importante utensílio indígena que acolhe e compartilha o alimento.
Os pratos têm bom custo-benefício. A qualquer hora, o Cookie de chocolate e castanha do Pará acompanha bem os cafés. Como prato principal, o Nosso Oswaldo Aranha (filé mignon grelhado, com arroz, farofa, chips de batata bolinha e purê de alho assado) é uma das opções mais elogiadas. No fim da tarde, petiscos como a Tempurá de lula na tapioca e ponzu de caju combinam bastante com a coquetelaria brasileira do bar, com drinques como o Tucupi Sour, com rum com especiarias, limão, clara pasteurizada, xarope simples e tucupi negro. Entre as sobremesas, a Mousse de chocolate, doce de bacuri, creme de cumaru e farofa de castanha do Pará é sucesso absoluto. A carta de vinhos dá preferência para pequenos produtores. Ainda faz parte dos valores do Cuia uma política afirmativa na equipe, que busca oferecer oportunidades para pessoas pretas, lgbtqia+ e outros grupos que sofrem discriminações.
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O Clandestino surgiu dos jantares que Bel Coelho costumava oferecer em sua casa para a família e amigos. Além da comida e bebida, a chef se ocupava de todos os detalhes, como arranjo de flores, decoração e trilha sonora. O espaço no Beco do Batman, na Vila Madalena, fechou as portas durante a pandemia, mas acolheu centenas de pessoas que foram provar os famosos cardápios temáticos de 12 a 15 etapas.
Cada temporada trazia um menu-degustação inspirado em suas minuciosas pesquisas sobre culturas alimentares brasileiras, comunidades tradicionais, cadeias produtivas, ingredientes nativos, produtos regionais e ancestralidade. Bel acredita que este resgate é fundamental para a manutenção dos saberes, conhecimentos, costumes, biodiversidade e florestas em pé.
Temporariamente pausado, o Clandestino irá retomar as atividades em 2024.
O Menu Orixás foi uma das mais importantes pesquisas gastronômicas da chef Bel Coelho. O Candomblé é uma religião riquíssima e fundamental na formação da nossa cultura, inclusive a gastronômica. Inspirado e dedicado a essa matriz, Bel concebeu um menu original, aguçado e forte. Os pratos foram criados a partir dos elementos relacionados a cada Orixá do Brasil, como mitologia, arquétipos e suas comidas de santo. O objetivo foi enaltecer e notabilizar a influência da raiz africana na cultura gastronômica nacional.
O menu Biomas é fruto de uma minuciosa pesquisa da chef feita ao longo de inúmeras viagens pelos diversos biomas brasileiros. Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampas compõem uma narrativa gastronômica na qual cada tempo do menu é dedicado a um desses ecossistemas, contando com pelo menos dois produtos nativos.
Ceviche de coco verde com raspadinha de pitanga
O Brasil tem uma biodiversidade riquíssima e suas frutas nativas constituem um patrimônio gastronômico atualmente pouco valorizado em nossas mesas. Uvaia, jabuticaba, jenipapo, pitanga, grumixama, bacuri, buriti, umbu, baru e sapucaia são apenas alguns desses incríveis ingredientes, muitos deles infelizmente ameaçados de extinção ambiental e cultural. A chef Bel Coelho tem um apreço especial por essas frutas e há anos vem estudando-as com a finalidade de criar um cardápio inteiramente dedicado a esses bens nacionais. Essa pesquisa resultou no menu “Frutas Nativas”, com doze tempos e harmonização de bebidas criada especialmente pela premiada sommelière Gabriela Monteleone.
Pirarucu a bráz
Bel Coelho apresenta ao público releituras autorais de receitas típicas de Portugal incorporando, é claro, toques brasileiros e ingredientes nativos do nosso país. Criar um menu que remetesse às memórias portuguesas de família e traduzisse a relação da chef com essa culinária era um desejo antigo. Entre os pratos do cardápio está o Pirarucu à Brás, que faz alusão a uma das receitas mais famosas do país, mas substitui o bacalhau pelo peixe de rio brasileiro. De ascendência portuguesa, a chef Bel Coelho teve contato intenso com essa culinária e cultura desde a infância, quando os pratos tradicionais eram feitos por sua avó paterna nos almoços de família.
Telha de batata roxa, pato, laranja e maionese de cúrcuma
O menu-degustação de 12 tempos criado pela chef Bel Coelho é um tributo às serras e traz ingredientes e sabores locais da Serra da Bocaina, Serra do Mar, Serra da Canastra e Serra da Mantiqueira. Entre os produtos especiais estão a taioba, o milho roxo e o famoso queijo da Serra da Canastra.
Com uma afinada equipe, Bel Coelho produz eventos customizados conforme a solicitação de cada cliente, respeitando suas demandas e necessidades. O leque de opções vai de menus-degustação a coquetéis volantes mais informais, com petiscos e pratos servidos em pequenas porções. A chef também organiza cafés da manhã, brunches, almoços e jantares, que podem ser oferecidos em um buffet ou empratados. Bel também realiza palestras, aulas-show e conduz imersões e outras experiências gastronômicas.
A Chef organiza eventos especiais e customizados conforme a solicitação de cada cliente, respeitando sua demanda e necessidades, mas sem abdicar de sua própria culinária.
Cuia COPAN: Av. Ipiranga, 200 – loja 48, Edifício Copan, República, São Paulo-SP
Clandestina restaurante: rUA gIRASSOL 833b, vILA maDALENA, sÃO pAULO-sp